Por norma, quando se pensa em tecnologia a nossa imaginação evoca imagens das mais recentes inovações: os smartphones, as impressoras 3D ou os headsets de realidade virtual. No entanto, esta visão é limitada porque está restringida a uma pequena escala de tempo, quando a tecnologia é muito mais do que os computadores, carros e gadgets dos últimos 100 anos.
O conceito de “tecnologia” engloba todos os instrumentos criados pelo ser humano para alargar a amplitude da sua interação com o mundo. Não obstante, a palavra nem sempre teve este o significado - o termo “tecnologia” é uma combinação de duas palavras gregas, technē (“arte” ou “ofício") e logos (“palavra” ou “discurso”), que significam “discurso sobre as artes”. Surgiu pela primeira vez na língua inglesa no século XVII com um significado semelhante ao grego e, no início do século XX, evoluiu para um conceito mais abrangente, que englobava processos, instrumentos e máquinas. A meio do século XX, “tecnologia” adquiriu o significado que prevalece ainda hoje - os meios ou as atividades pelos quais o ser humano procura mudar ou manipular o seu ambiente.
Na prática, o que quer isto dizer? Começando pelo fogo e pela roda e passando pela revolução industrial até chegar às rapidíssimas inovações dos dias de hoje, é impossível separar a evolução do ser humano do desenvolvimento da tecnologia.
O mais antigo (e conhecido) dispositivo de cálculo foi o ábaco, inventado na Mesopotâmia em 2500 a.C. É uma calculadora manual que ajuda na soma e subtração de números elevados, para além de também “armazenar” o estado atual da conta, à semelhança dos discos rígidos de hoje. O ábaco foi inventado quando o tamanho da sociedade se tornou demasiado grande para uma pessoa sozinha conseguir organizar e atualizar dados - quando há milhares de pessoas numa aldeia ou dezenas de milhares de cabeça de gado para contabilizar, só com o apoio visual de um ábaco é que se conseguia manter a organização.
Nos 4.000 anos seguintes, os seres humanos desenvolveram todo o tipo de dispositivos de computação, como o astrolábio, que permitia aos navios calcularem a sua latitude no mar, ou os relógios para calcular o nascer do sol, as marés ou as posições de corpos celestes. No entanto, nenhum destes objetos era um computador. A primeira utilização documentada da palavra “computador” é de 1613, num livro de Richard Braithwait, onde o termo não se aplicava a uma máquina, mas sim a uma profissão. Até 1800, altura em que a designação passou a designar dispositivos, computador era uma pessoa que fazia cálculos.
Não obstante, no final do século XIX, dispositivos de computação eram já utilizados para tarefas específicas no mundo das ciências e da engenharia, mas raramente eram usados em empresas, no governo ou na vida doméstica.
Até ao início da década de 70 do século XX, as componentes de um computador eram demasiado caras para que este pudesse ser verdadeiramente útil e acessível a um consumidor individual. Tudo mudou com o Altair 8800 em 1975, que se tornou no primeiro computador pessoal com sucesso comercial.
Nos anos seguintes o mundo assistiu ao nascimento da Microsoft e da Apple, cujos computadores criados especificamente para o consumidor provariam ser um enorme sucesso. Contudo, foi o PC da IBM, lançado em 1981, que acabaria por revolucionar a indústria, devido à sua arquitetura “aberta”.